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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

DESENVOLVIMENTO OU CRESCIMENTO?

Fábio Dellefrate Sanches

Vivenciamos um mundo caracterizado por grandes transformações que afetam a todos. Cada transformação é engendrada por uma sociedade, que ao mesmo tempo é ativa e passiva em todo esse processo, o que, por natureza determina a criação de uma realidade que paulatinamente é recriada.
O atual quadro histórico é marcado por um sistema socioeconômico capitalista e globalizado, cuja essência e funcionalidade produzem efeitos contraditórios, sobretudo nos países do Sul. Nesse mundo, tido como subdesenvolvido, persiste uma consciência que coloca os interesses do capital sobreposto aos anseios e necessidades de um mundo mais humanizado.
Essa busca incessante por uma posição hegemônica no cenário internacional almejada por vários Estados, em especial aqueles considerados emergentes, em tese, fortalece apenas o acúmulo de capital e todos os seus variantes. É fundamental que se entenda que nem todo crescimento é acompanhado por desenvolvimento, e isso reforça uma ideia de que a ampliação de uma economia (caracterizada pelo aumento do PIB, ou pela melhora de um ou outro índice como acontece no caso da China) não significa profundas alterações nas condições de pobreza. A ampliação, cada vez mais crescente, do capital "[...]está se impondo como uma fábrica de perversidade. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes".(SANTOS, 2004, p.19)
Essa realidade exposta, para alguns, pode soar como algo contraditório, e, diga-se de passagem, o capitalismo, em essência, é um sistema contraditório. Até porque seu crescimento, quase sempre, vincula-se a um desejo ou a uma necessidade (que às vezes não é bem compreendida) de acumular riquezas. Mas o que se compreende muito bem é que a concentração de capital implica em uma distribuição de renda deficiente, e as consequências são desastrosas.
O grande desafio imposto por esse mundo que está aí não é simples, porém é urgente que se pense em uma fórmula de desenvolvimento cuja perspectiva esteja fundada na visão do homem como cidadão e não como um instrumento de produção que enriquece uma minoria a custo de sua própria miséria.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SANTOS, Milton. Globalização: do pensamento único a consciência universal. 11ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.



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