Este texto não tem a pretensão de diagnosticar os problemas que afetam o
desempenho da educação brasileira e tão pouco propor soluções que equacionem
tal problemática. O que será contemplado nesta leitura são indagações,
angustias e até mesmo desespero de um profissional da educação pública.
Existem centenas de “educadores” que recitam teorias fantásticas que a
meu ver funcionariam muito bem em um mundo de fábulas, contudo no mundo real
são ineficazes. Ser professor é um desafio, na verdadeira acepção da palavra,
até porque, nos deparamos como inúmeras situações degradantes. O salário
irrisório é o menor dos problemas, considerando que a sala de aula é um
ambiente hostil que se constrói por uma média de quarenta alunos cujas experiências
de vidas são completamente distintas e confusas. São seres oriundos de pais
separados, despreparados, dependentes químicos, negligentes, em síntese, são
frutos de uma família falida, o que por consequência, numa visão mais otimista,
erige um ambiente extremamente caótico. E o mais grave é ter que digerir a
ideia de que a sociedade atribui ao professor e unicamente a ele a
responsabilidade de tornar seus filhos em cidadãos conscientes.
Diante destas circunstâncias, me parece que a verdadeira preocupação da
administração pública (em todos os seus níveis) não se aproxima em nenhum momento
de ações que garantam a qualidade da educação. A exigência pura e simples é a
produção de dados positivos, sem conferir as escolas e a seus profissionais
condições dignas de trabalho. E o resultado de tudo isso é óbvio, a reprodução
de um sistema de ensino incapaz que se apoia em um processo vicioso de
aprovação automática.
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